quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Eu sei, mas não devia

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto. A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que de tanto se acostumar, se perde de si mesma.

 

Marina Colasanti

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Perecendo

Eu estou envelhecendo. O tempo passa dentro de mim e eu posso senti-lo. Não sou mais um garotinho sonhador que acreditava em tudo, e cada dia dessa nova vida de mudanças me cai pesadamente com o fardo da realidade. Os laços não parecem mais eternos, os sentimentos não parecem mais infinitos, os sacrifícios não parecem ser recompensados e eu não pareço ser eu mesmo. Meu mundo está ao contrário e eu não tenho voz pra dizer. Meu coração que outrora chama brilhava de esperança resplandecente somente insiste ofegante, perecendo sem combustão, carecendo não de ar, mas de esperança. Meus medos agora são tão reais que são palpáveis, esses meus monstros que nem sequer precisam correr atrás de mim. E a minha visão do coração está embaçada, já não posso mais enxergar o essencial que é invisível aos olhos? Não posso mais ver além do que meus dois olhos podem olhar? Eu preciso desesperadamente voltar a acreditar, reconquistar o que foi arrancado do mais profundo de mim, mas nem sei por onde começar a procurar. Eu estou caminhando no escuro, sem mão alguma para me guiar.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Eu não vou desistir

- Eu to implorando, não foge dele. Olha, você e o Paul têm um lance tão raro, tão poderoso, não vai amarelar agora.

- Amarelar? Ele me traiu!

- Sandra esquece isso. Isso já foi a muito tempo, e olha, foi com uma das suas amigas safadas, uma amiga de quem ironicamente você não ta com raiva! E sabe por quê? Porque você não ta nem ai. Você ama tanto o Paul que perdoou ele no momento em que soube, e foi isso que te assustou.

- Não faz idéia de como eu me sinto, não faz!

- Faço, faço sim. Eu já passei por isso. E olha, eu fiquei assustado pra caramba também. E se ele me magoasse? E se ela me deixasse? E se ela morresse? Seria o fim pra mim. Então eu fugi no começo, antes que isso acontecesse. E quer saber? Esse foi o maior erro que eu cometi na vida. E você ta cometendo o mesmo erro agora, e eu prefiro morrer a ficar assistindo isso. Você tem que se arriscar Sandra, se arrisca. Eu não fiz isso, e olha pra mim? Eu sou vazio, solitário, eu sou um trapo humano. Isso não significa que você não vai se magoar. Mas uma coisa eu te garanto: qualquer dor que você sentir, nunca, nunca vai se comparar ao arrependimento por ter desistido do amor. E pra alguém que já sentiu os dois, acredite, a dor aparece todos os dias da semana, e nos domingos é muito pior. Não foge dele, não faz isso.

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Essa é uma passagem de um filme maravlhoso, “Minhas Adoráveis Ex-Namoradas”. O filme, sobretudo essa parte, foi muito importante pra mim. Não sei se foi o destino, mas eu o assisti quando mais precisava de força. Quando mais de uma vez estive prestes a abondonar e desistir de amor por causa de uma decepção enorme, e da dor que ela causa,dor que não passa. Eu poderia ter ido embora. Eu quiz ir embora, para não ficar e ter que suportar a maior tristeza que jpa senti. Mas eu teria jogado fora a coisa mais preciosa da minha vida. Eu poderia ter abandonado esse amor por causa justa e bem justificada, e estaria com a razão. Mas eu fiquei. Eu não posso deixar o medo de me magoar de novo arrancar da minha vida o que é mais importante pra mim. É racionalmente uma tolice, mas isso é ouvir o coração. E para cada pessoa que me diz que estou errado, eu digo que estou fazendo a coisa certa. Uma segunda chance. Uma segunda chance para nós, uma segunda chance para mim mesmo. Perdoar, esse gesto pode me conceder de volta o que eu poderia ter perdido para sempre. A verdade é que eu amo tanto, que eu sou capaz de voltar a confiar , voltar a acreditar, e superar as mentiras. Eu amo tantao que estou aqui sabendo que isso não garante que eu não vá sofrer. Mas, se assim for, eu juro não derramar uma lágrima, mas sim exibir um sorriso verdadeiro por saber que eu tentei, que dei tudo de mim, que valeu apena. Eu jamais vou sentir a dor do arrependimento por não ter tentando, por ter desistido. Eu acredito no amor sim, e acredito nas pessoas, e acredito que os erros podem ser perdoados e reparados. Eu acredito em nós.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Através

O caminho para a felicidade é uma estrada demasiada íngreme. E como se não bastasse repleta de obstáculos. E imensamente longa. A sim, perdidamente longa. Na verdade, o que define a felicidade? Não creio que seja uma ilusão, mas também não é algo permanente, e isso para mim já está provado. Momento feliz, épocas felizes, é o que temos. E para por ai. Felicidades e tristezas são mais que simples rivais, elas andam de mãos dadas disputando espaço na mesma linha fina e frágil que é nosso coração. Num pisar você ri, num piscar você chora, em outro você ri do que chorou, ou chora por ter rido. Nem mesmo é paradoxo quando percebemos a mutabilidade de todas as coisas que existem. Das pessoas que nos cercam, de nós mesmos. a estrada sempre vai ser íngreme, cada vez mais difícil. Haverá mais quedas, na verdade com o único propósito de levantarmos mais fortes. Chegará o momento eu que a subida se torna escalada, e ainda assim almejarei o topo. Não por acreditar que encontrei a felicidade plena e permanente, mas por valorizar o caminho, que embora difícil, permitirá que eu chegue no topo com prêmios maravilhosos, lembranças, amizades, conquistas, amor, vida.

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